Histórias de Violência Doméstica
A violência doméstica é um grande problema ainda na sociedade que afeta pessoas de todas as origens do mundo, mas que muitas vezes permanece em silêncio e é estigmatizada. Acredito que ao compartilhar histórias de violência doméstica, podemos diminuir este silêncio, aumentar a conscientização e criar uma comunidade mais informada e solidária.
Um dos principais benefícios de compartilhar histórias de violência doméstica é o aumento da conscientização que isso traz. Muitas pessoas podem não entender completamente a gravidade e as várias formas de violência doméstica, incluindo o abuso emocional e psicológico. Através da exposição das experiências, podemos educar as pessoas sobre essas questões, promovendo assim uma sociedade mais empática.
Para as vítimas de violência doméstica, o isolamento e a vergonha são sentimentos comuns. Assistir, ouvir e ler histórias de outros sobreviventes pode ser extremamente fortalecedor, proporcionando a coragem e a motivação para se manifestar e buscar ajuda. Além disso, cria um sentimento de solidariedade e comunidade entre as (os) sobreviventes.
Você não está sozinha (o) em sua experiência!
Compartilhar a sua história, pode ajudar a acabar com mitos e estereótipos prejudiciais sobre a violência doméstica. Por exemplo, desafia a concepção equivocada de que a violência doméstica afeta apenas somente mulheres e certos grupos demográficos ou que as vítimas são culpadas por sua situação. Experiências reais fornecem uma compreensão mais clara do problema.
Histórias pessoais têm o poder de influenciar legisladores e formuladores de políticas, incentivando a criarem leis e sistemas de apoio mais eficazes. Elas também podem mudar a opinião pública, criando pressão social para reformas legais e sociais significativas. Esse efeito dominó pode levar a mudanças positivas na sociedade e é esse o objetivo.
Para muitos sobreviventes, compartilhar sua história é uma parte crucial do processo de cura. Isso permite que essas pessoas retomem sua narrativa e recebam validação por suas experiências. Este ato de compartilhar pode ser profundamente terapêutico, contribuindo para sua recuperação emocional e psicológica.
Esforços educacionais baseados em experiências reais podem ajudar a prevenir a violência doméstica, destacando sinais de alerta e fatores de risco. Amigos, familiares e comunidades se tornam mais vigilantes, conseguem intervir mais cedo e fornecer o suporte necessário para aqueles que precisam.
Discutir o impacto psicológico da violência doméstica através de histórias pessoais ajuda a desestigmatizar questões de saúde mental. Isso incentiva as vítimas a buscarem ajuda mesmo com vergonha e promove uma compreensão mais ampla dos desafios de saúde mental associados ao abuso.
Vamos romper esse silêncio, apoiar as vítimas e validar suas experiências!
Lembrando que os nomes foram trocados para a privacidade e proteção das vítimas e sobreviventes.
História 1: Jessica
Desde já agradeço a abertura em poder contar um breve relato do que eu passei .
Abuso Emocional & Psicológico:
Em meados de 2010 conheci uma pessoa ,( vou apelidar de Raul ) ,breve começamos nos conhecer e isso se estendeu durante meses ,começamos a sair para dançar ,comer , tudo no começo mil maravilhas como já sabemos que todo narcisista se apresenta como o príncipe encantado, com exatos três meses ele teve o primeiro surto de ciúme , eu ainda inocente achei que era porquê de fato ele gostava de mim, jamais imaginei que isso pudesse de fato algum momento acontecer ,em 2013 nasce nosso primeiro filho (apelidado Raul 1 ) e daí em frente as coisas começaram a acontecer e ele começou a colocar as garras de fora , sempre trabalhei na área educacional (ensino superior ) em 2017 gestante novamente (Raul 2 ) aí começou um caos ele nos deixou de lado e foi viver suas aventuras sexuais pelo mundo com amigos e mulheres.
Abuso Financeiro, Sexual & Psicológico:
Eu fiquei desempregada ,perdi minha casa ,fui morar de favor na casa da minha mãe onde descubro que meu padrasto tinha segundas intenções comigo grávida de 4 meses ,um dia minha mãe desconfiada me pede ajuda para verificar o histórico do celular do marido (não era meu pai biológico) os vídeos continham contextos como , Padrasto faz sexo com enteada grávida 🤰 , os títulos abomináveis , tive um surto nervoso , minha mãe com ciúme do marido me manda sair da casa dela ,nunca foi feita nenhuma denúncia , meu pai biológico nunca soube eu tive vergonha de falar , na situação precária que eu me encontrava fui morar de favor na casa do meu único irmão onde fiquei lá até meu filho nascer , o Raul pai não nos ajudava e só me humilhava tanto pela aparecia por estar gestante como também por estar na dependência de outra pessoa , eu sofria demais com as coisas que me aconteciam parecia que eu estava flutuando com tanta coisa acontecendo eu não tinha forças para reagir , achava que no fundo ele mudaria , passado o nascimento do meu filho em 2018 arrumei emprego com 45 dias de experiência aluguei uma casa pequena para mim e os meninos ,meu filho começou na escolinha e eu voltei a ter esperança de me reerguer , o Raul pai começou com seus surtos de ciúmes começou ir até a porta do meu trabalho com os nossos filho pequenos , saindo do trabalho a noite as crianças sem entender me viam de longe gritavam mãe. mãe vem o pai veio buscar você , ele me xingava xingava por conta das roupas que eu usava ,ciúme absurdo pois usava batom ,perfume ,tudo isso sempre foi uma maneira de me manipular e humilhar me chamava de feia ,gorda , esquisita entre outras coisas , naquele mesmo 2018 ele assume um novo relacionamento na internet , eu procurei a defensoria pública e coloquei na justiça solicitando pensão e regulamentação das visitas , me magoou muito aquela situação pois tinha muito sentimento ,além claro da imensa dependência emocional ,eu me contentava com migalhas , quando finalmente ele foi achado para tomar ciência do processo e da data da audiência , um dia antes 15/05/0218 chego do trabalho e ao descer do uber , fui até a casa do meu irmão pegar eles e simplesmente levei um soco no rosto , ele jogou meu filho de apenas 1 ano em meus braços ,começou me chamar de vagabunda entre outras coisas, fui ao hospital, delegacia prestei queixa com esses documentos em minhas mãos fui para o fórum para a audiência onde tive a Guarda Unilateral dos meninos e pensão fixada , para mim ali encerrou o ciclo e eu iria continuar a trabalhar e viver dignamente . Engano meu passados exatos três meses daquela agressão ele volta me pedindo perdão , implorando e me prometendo mundos e fundos , eu tinha muito sentimento , e carência um misto que me causava um angústia aquela solidão ,sozinha ,sem apoio sem nada , eu me culpava por ele ter feito aquilo comigo , sofria muito muito , tantas vezes sozinha chorando ,pedindo a Deus que ele mudasse e ficasse conosco ,não queria cuidar dos filhos sozinha , lutava contra aquilo e em vão ele foi fazendo minha cabeça para o aceitar , quando em 2019 descubro uma nova gestação , entrei em profunda depressão passei os nove meses quase trancada em casa, afastada do trabalho ,fiz o enxoval do meu (Raul 3 ) sozinha , ganhei um chá de bebê de familiares próximos , ainda gestante fui procurar saber sobre Laqueadura ,fiz todos os procedimentos , meu filho nasce de parto cesárea com laqueadura Em dezembro de 2019 , ficou tudo sob minha responsabilidade a pandemia veio e mesmo afastados como estamos até hoje , ele sempre me humilhou, falava de minha aparência , falas do tipo .....
Quem é que vai te querer com três filhos ,feia ,gorda , chata para caramba até hoje vivo sozinha com esse trauma não tenho e nem tive coragem de arrumar um novo relacionamento por medo , os anos passaram as marcas ficaram , me sinto uma mulher super forte para enfrentar o mundo pelos meus filhos,mas a mulher incrível que eu era ele simplesmente enterrou com tanta violência psicológica,física ,material etcccc
Hoje tenho meu perfil de trabalho sou manicure especialista em alongamentos de unhas e instrutora de cursos onde ensino mulheres a trabalhar na área que me trouxe estabilidade, e aquele conforto de trabalhar perto dos meus filhos, sou de São Paulo.
Independente, crio e cuido de meus filhos sozinha ,vivo para meu trabalho e para eles 💙💙💙
No meu Instagram mostro um pouco da minha maternidade real com humor e paixão pelas minhas unhas 💅🏼
Meus filhos são os homens que me fizeram acordar para vida ... Acredito que Deus trouxe meus filhos para me amar e me fazer enxergar a incrível mulher que eu sou 🥹💜
Aqui é um breve relato tem tantas coisas que gostaria de te escrever ,mas creio que em uma nova oportunidade poderemos falar , mas eu posso te dizer que Deus e meus filhos me fizeram florescer novamente 🙏
Ale , obrigada pelo espaço e oportunidade sou sua fã ,um grande abraço e beijo meu 🙏💜
Parabéns por dar voz a nós 🥹💜
História 2: Sara
Meu nome é Sara, sou uma mãe de 32 anos com dois filhos, suportei várias formas de abuso em meu casamento de 9 anos com o Raphael.
Abuso Psicológico:
O Raphael sempre me menosprezava,
dizendo que eu não valia nada e que não iria sobreviver sem ele. Ele me isolava de amigos e familiares, fazendo com que eu me sentisse completamente dependente dele.
Abuso Físico:
O Raphael muitas vezes perdia a cabeça e me agredia com tapas, empurrões e socos, deixando marcas e hematomas que eu precisava esconder das pessoas.
Abuso Sexual:
Como se não bastasse os outros abusos, o Raphael me forçava a ter relação sexual contra a minha vontade, me manipulando para que eu acreditasse que era o meu dever como esposa. Eu me sentia um lixo.
Abuso Financeiro:
Ele também controlava todas as finanças, me dando uma mesada mínima e monitorando cada gasto, tornando impossível a possibilidade de economizar dinheiro ou ter independência financeira.
Foram 9 anos passando por isso quando eu finalmente procurei ajuda em um abrigo para mulheres após um incidente violento que colocou eu e meus filhos em perigo de vida. Com o apoio do abrigo, eu consegui uma ordem de restrição e a custódia dos meus filhos. Através de aconselhamento e grupos de apoio, eu reconquistei minha confiança e aprendi a gerir minhas finanças de forma independente. Agora, eu tenho um emprego estável e aluguei um apartamento. Sou voluntária do abrigo e utilizo a minha experiência para passar a conscientização sobre a violência doméstica.
História 3: Felipe
Parece inacreditável, mas essa é a minha história. Eu sou um profissional de vendas de 40 anos, era casado com a Pamela, que era verbalmente e financeiramente abusiva.
Abuso Psicológico:
Sei que não é muito comum, mas durante o o meu casamento com a Pamela, ela constantemente me humilhava, me chamando de gordo e outros nomes que mexiam com a minha autoestima. Ela utilizava táticas de gaslighting, me fazendo duvidar da minha capacidade de conseguir qualquer outro relacionamento sem ser com ela. Ela realmente testava a minha sanidade mental.
Abuso Financeiro:
Era ela que controlava as finanças, eu dava o meu salário todo porque ela trabalhava no banco e dizia que poderia administrar melhor que eu. Sem eu perceber, ela começou a acumular dívidas em meu nome. Ela monitorava de perto os meus gastos e usava manipulação financeira para manter preso ao relacionamento dizendo que eu não conseguiria pagar as contas e sustentar uma casa sozinho.
Ela fazia cena na rua às vezes, era literalmente abuso verbal em público. Teve um dia que fomos almoçar em família, ela não gostou que eu disse que adoro quando fico sozinho relaxando casa. Ela simplesmente começou o show dizendo que eu não era nada sem ela. Que eu era gordo, pobre e feio. Foi aí que meu irmão conversou comigo e me incentivou a buscar ajuda. Eu comecei a fazer terapia e entrei em um grupo de apoio para homens onde aprendeu sobre abuso financeiro e como recuperar o controle de suas finanças. Eu finalmente pedi o divórcio e encontrei outro lugar para morar.
História 4: Maria e Emily
Eu tinha começado um relacionamento com Emily, mas anteriormente sofri muitos abusos de um parceiro anterior, o que impactou no meu relacionamento atual.
Abuso Físico:
O meu parceiro anterior era fisicamente agressivo, pelo menos duas vezes no mês tinha um episódio dele me batendo depois que bebia.
Abuso Psicológico:
Ele me manipulava emocionalmente e fazia eu me sentir sem valor e indigna de amor. Ele também usava táticas de intimidação para controlar as minhas atitudes.
Abuso Sexual:
Eu era coagida a ter relações sexuais. Fazia para ele não ficar agressivo comigo. Era tanto medo que eu não sentia nenhum prazer. Sentia era nojo dele e de mim por ter que viver nessa situação. Não conseguia contar essa parte do abuso pra ninguém por vergonha.
Emily era minha vizinha e apesar de não compartilhar muito o meu sofrimento, ela sabia de alguns abusos. A vizinhança toda escutava quando ele me batia. Mas ninguém nunca fez nada. Foi ai que comecei a amizade com a Emily e ela me incentivou a procurar ajuda profissional após notar o meu sofrimento emocional.
Comecei a fazer terapia sem ele saber e me apaixonei pela Emily. Ela me apresentou um grupo online de apoio LGBTQ+, onde descobri uma comunidade e solidariedade. Ela tinha família lá no nordeste e planejamos a minha fulga pra lá. Me lembro como se fosse hoje. Ele foi trabalhar, eu arrumei as coisas correndo e partimos para a rodoviária sem olhar pra trás. Deixei telefone, móveis e tudo que ele poderia me perturbar depois. Só escrevi uma carta pra ele ficar ciente que eu estava me escolhendo e não queria mais aceitar os abusos dele. Não falei nada sobre a Emily. Apenas fui e falei para ele não me procurar porque eu iria pra muito longe. Nós morávamos em SP e ele não conhecia nada do nordeste.
Já fazem 2 anos que moro com o amor da minha vida. Finalmente alguém que me respeita e me acolhe. A família dela foi muito importante nesse processo, todos foram acolhedores.
Eu trabalho na faxina e não tenho carteira assinada. Vendo também salgados em casa e isso ajuda no final do mês com o salário da Emily.
Somos agora são voluntárias em uma ong que apoia a comunidade LGBTQ+ que também já sofreram violência doméstica.
História 5: Carlos
Abuso Sexual e Financeiro:
Ele me forçava a fazer sexo sem consentimento, e sexo era uma coisa que eu adorava, mas fiquei traumatizado. E pra piorar ele começou a controlar nossas finanças e usava o meu dinheiro para pagar todas as despesas domésticas.
Com o tempo, eu reconstruiu a minha vida, focando em minha carreira e crescimento pessoal. E decidi ser voluntário na mesma linha de ajuda que me auxiliou; compartilho a minha história para conscientizar e oferecer suporte para outras vítimas.
História 6: Ana
Abuso Psicológico & Financeiro:
Davi constantemente me xingava na frente de qualquer pessoa e adorava me menosprezar. E eu por não ter uma boa autoestima, acreditava que eu era incapaz de arrumar outra pessoa. Então me deixava ser manipulada e controlada por ele.
Eu participei de um workshop comunitário sobre empoderamento na escola do filho e foi inspirada por um palestrante que compartilhou sua experiência com violência doméstica. Comecei a pensar nisso e já tinha o número da organização local de violência doméstica. Procurei ajuda e eles me ofereceram aconselhamento, assistência jurídica e treinamento em gestão financeira. Voltei pra casa dos meus pais e pedi o divórcio. Acho q ele não fez nada porque sabia que eu estava recebendo ajuda e todos sabiam do abuso psicológico que ele me causava.
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FILMES SOBRE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E VIOLÊNCIA SEXUAL
Esses filmes, séries e documentários oferecem uma ampla perspectiva sobre diversas formas de abuso, incluindo violência doméstica e perseguição das vítimas.
1. O limite da traição | A Fall from Grace (2020)
10. Maid | Maid (2021)
15. Nada Ortodoxa | Unorthodox (2020)
Se você estiver sob risco imediato de danos, ligue para 190 BR, 911 EUA, 112 Europa, 999 UK.
Entre em contato com a Linha Direta Nacional de Abuso Doméstico 24 horas por dia.
Brasil
180 (Central de Atendimento à Mulher)
gov.br/mdh/pt-br/assuntos/violencia-contra-a-mulher
Estados Unidos
1-800-799-7233 (SAFE)
thehotline.org
Portugal
800 202 148 (Linha de Apoio à Vítima)
apav.pt
A APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima) oferece suporte e informações sobre violência doméstica e outras formas de violência.
Itália
1522 (Servizio Antiviolenza e Stalking)
1522.eu
A linha direta 1522 é um serviço gratuito disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana, que oferece apoio e informações para vítimas de violência e stalking.
Europa
Nos países da União Europeia, existe uma linha direta de apoio disponível. No entanto, cada país pode ter sua própria linha direta nacional:
(geral): 116 016
eige.europa.eu/gender-based-violence/resources
Japão
0120-279-889 (Digi Police)
moj.go.jp/ENGLISH/index.html
Se você ou alguém que você conhece estiver em uma situação de emergência, é essencial procurar ajuda imediatamente. Essas linhas diretas podem oferecer orientações e apoio.
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