Morar nos Estados Unidos é o sonho de várias pessoas no Brasil e no mundo. Os EUA é um país de referência e terra de oportunidades principalmente para quem é brasileiro.
A verdade é que o interesse de morar fora pode variar de pessoa para pessoa. No entanto, existem vários fatores comuns que contribuem para esse sentimento.
Os Estados Unidos oferece muitas chances para profissionais, onde eles conseguem salários mais altos e melhores perspectivas de carreira. Existem brasileiros que querem viver nos EUA para alcançar seus objetivos educacionais, profissionais ou empresariais. Buscar educação superior nos EUA pode fornecer habilidades valiosas e abrir portas para opções de carreira em todo o mundo. Eu por exemplo vim para aprimorar a minha conversação na língua inglesa, me formei em administração de empresas e sociologia na Universidade em Nova York.
O país sem dúvidas te permite ter uma qualidade de vida melhor, pois possui uma infraestrutura confiável, acesso à medicina avançada, segurança e um sistema melhor de bem-estar social. Esses fatores podem ser atraentes para os brasileiros que buscam um padrão de vida mais elevado ou melhores condições socioeconômicas gerais. Mas não se enganem, aqui nos EUA tem muita pobreza também. Eu sempre trabalhei na área de serviços humanos e diretamente com pessoas de baixa renda. Existem oportunidades é claro, mas também existe desigualdade social como em vários países. Eu distribuo cesta básica todo mês para alguns clientes que estão desempregados e recebem auxílio do governo.
Na minha opinião, o que conta muito para uma grande maioria decidir morar nos EUA é a influência da mídia americana como filmes, programas de TV, música e literatura. Os EUA tem um impacto cultural significativo em todo o mundo, inclusive no Brasil. Essa influência pode levar a um fascínio pela cultura, idioma, estilo de vida dos americanos e motivar as pessoas a buscar experiências morando nos EUA.
Eu vim pela primeira vez para fazer intercâmbio e trabalhar no interior de Nova York em 2008. Estudei inglês por quase um ano em Manhattan, voltei para o Brasil no final de 2009 e retornei de vez em 2011. Apesar de essa ter sido a minha escolha eu sinto falta de muitas coisas do Brasil.
Nem todas as pessoas sentem falta da mesma coisa pois somos seres únicos.
Fiz uma lista das coisas que eu mais sinto falta aqui nos EUA:
- Família
- Amigos
- Afilhado & Afilhada
- Acesso aos lugares que marcaram minha infância e adolescência.
- Reunir meu amigos do Brasil nos meus aniversários
- Rodízio de pizza
- Comida brasileira (carne seca com abóbora, moqueca, feijoada, feijão tropeiro e etc)
- Sandálias
- O preço dos salões de beleza do Brasil
- Produtos de beleza do Brasil
- Praia lotada e música alta
- Ano novo na praia
- Passar o carnaval na região dos lagos
- Pagode e churrasco aos Domingos
A minha lista não é tão grande e parte dela é suprida quando eu estou na comunidade brasileira em Nova York, ou com minha família daqui e os meus amigos brasileiros que moram na cidade também. A única coisa que não tem como substituir são as pessoas que você deixa no Brasil.
Deixar para trás família, amigos e uma rede de apoio pode ser emocionalmente desafiador. A ausência de relacionamentos íntimos e o desejo de conexão emocional são as coisas mais complicadas para os imigrantes.
Por ser órfã e criada a minha vida toda com a minha avó paterna, Neide, a decisão não foi fácil porque eu era muito apegada a ela.
Sempre imaginei que eu iria casar e morar em uma casa com um quintal grande para ter uma casinha pra ela nos fundos ou eu compraria um apartamento no mesmo bloco que o nosso para ficarmos perto. Eu realmente nunca tinha planejado morar permanente nos EUA, mas aconteceu.
Eu cresci ouvindo ela dizer que as pessoas criam os filhos para o mundo e é verdade. Cada um de nós tem um destino e o papel dos nossos cuidadores é nos guiar para que possamos escolher os melhores caminhos e tomar as decisões certas.
Fui muito julgada pela minha família e acusada de estar abandonando a minha avó, o que foi totalmente injusto. Pois todos os filhos geralmente saem de casa quando casam. Era só eu e a minha avó por anos, mas quando foi a minha vez de sair de casa fui criticada. Tudo bem que o de costume é você sair de casa e morar no mesmo estado, e às vezes você até troca de estado, mas não é tão comum as pessoas sairem de casa para morar em um país distante. Então, eu entendo o choque para algumas pessoas da minha família, mas mesmo assim não era o papel deles me criticarem.
Minha avó já estava idosa e eu tive o apoio imenso da minha tia e da minha prima que foram morar com ela por muitos anos e depois a minha avó acabou se mudando para a casa da minha tia. Se não fosse elas, eu não estaria aqui hoje. Vim descansada porque sabia que ela não ficaria sozinha.
Então, sem dúvidas o que eu mais sinto falta é de laços familiares com algumas pessoas.
Eu ligava praticamente todos os dias para falar com a minha avó e com o passar dos anos conseguimos fazer chamadas de vídeo com o avanço da tecnologia. Hoje em dia morar a distância ficou muito mais prático e você consegue administrar melhor a saudade.
Fiz uma promessa para mim mesma que todos os anos eu iria visitar minha avó, por mais que eu quisesse utilizar as minhas férias para passear e conhecer o mundo, a minha prioridade era ela e eu cumpri. Minha última visita foi em 2019 onde eu curti bastante a minha vozinha e gravei vários vídeos. Em Março de 2020 veio a pandemia, não era possível sair do país com facilidade e ela faleceu em Outubro de 2020. Foi muito difícil para mim o falecimento dela, sei que ela precisava descansar, mas é muito ruim não poder se despedir. E essa é uma realidade que os imigrantes enfrentam morando fora do seu país, pois no Brasil o enterro acontece muito rápido e dependendo do local que você esteja, não dá tempo de viajar.
Esse enterro além de ser triste, trouxe uma revolta enorme da minha vida. Onde pessoas se acharam no direito de enterrar a minha avó sem comunicar aos outros filhos dela. Isso foi uma tremenda covardia que eu não consigo entender como pessoas podem fazer isso com alguém da própria família. Obviamente laços familiares foram quebrados, mas não afetaram tanto porque eram os mesmos que criticaram a minha mudança para os EUA. A melhor maneira que eu encontrei de lidar com a minha revolta foi escrevendo um livro que um dia será publicado contando a história completa. Ter me afastado e cortado os laços foi a melhor coisa que eu poderia ter feito. Hoje eu sigo em paz com as pessoas que eu escolhi para viver ao meu lado e fazer parte dos próximos capítulos da minha história.
Sem dúvidas morar no exterior nos dá saudade e aquela nostalgia. É muito comum sentir falta das paisagens, sons, cheiros e sabores familiares de seu país de origem. Nós sentimos uma nostalgia dos lugares em que crescemos, as memórias de infância e as tradições culturais que podem gerar um desejo de voltar ao Brasil.
Eu super senti uma falta enorme em 2009 e decidi que queria voltar para o Brasil. Acho que isso acontece com algumas pessoas. É preciso voltar pra dar valor as oportunidades aqui nos EUA.
Continuo com a promessa de ir pelo menos uma vez por no Brasil para ver meu afilhado Lucas e agora com a chegada da irmã Alana que eu considero como minha afilhada também. São meus filhos do coração. Nessas viagens sempre ver minha família, tias, tios, sobrinha, primos e amigos. Eu vi o meu avô materno em Março de 2023 e foi emocionante.
Sou muito atenciosa com todos os meus relacionamentos e tento sempre manter contato mesmo que a distância.
Morar no exterior frequentemente expõe as pessoas a diferentes normas culturais, valores e modos de vida. Isso pode atribuir a saudade da familiaridade cultural do nosso país, como idioma, costumes, celebrações e principalmente interações sociais. Os laços de experiências compartilhadas e um sentimento de pertencimento a uma cultura específica podem ser contribuintes significativos.
A culinária do Brasil por exemplo é uma forte conexão com a identidade cultural e trás sentimentos de conforto, nostalgia e satisfação. Eu falo que a indisponibilidade das comidas tradicionais ou a dificuldade em replicar sabores no exterior podem estimular a saudade em muita gente, mas isso pode ser resolvido em comunidades brasileiras como eu mencionei anteriormente. Eu moro no interior do estado de Nova York e aqui não tem produtos brasileiros, mas eu sou uma pessoa adaptável e já me acostumei a comer no ritmo americano.
É extremamente desafiador morar em outro país porque tem todas essas barreiras; você terá que navegar em diferentes sistemas e se ajustar a diferentes dinâmicas sociais.
Todo mudança tem seu lado positivo e negativo, mas se você é uma pessoa flexível ajuda bastante q vencer esses obstáculos.
É importante lembrar que a experiência de sentir saudade do Brasil enquanto mora no exterior é extremamente individual e pode variar de acordo com circunstâncias pessoais, laços familiares, histórico cultural e tempo que passou longe de casa. Para muitas pessoas a saudade pode ser mais fácil de ser administrada com o tempo, à medida que estabelecem novas conexões, se adaptam ao novo ambiente e criam uma sensação de lar no país que escolheram viver.
E você, sente ou sentiria falta de alguma coisa no Brasil?