Sempre digo que eu fui escolhida pela minha profissão porque eu jamais pensei em trabalhar com que eu trabalho hoje.
Eu sempre gostei de trabalhar em escritório, e na área de Recursos Humanos também encontrei uma maneira de ajudar as pessoas a se qualificarem e arrumarem um bom emprego. Mas a minha mudança para Nova York não me permitiu permanecer na área de RH por causa do meu medo de falar inglês em um departamento que eu precisava ser fluente e pelas leis trabalhistas serem totalmente diferente das leis do Brasil.
Eu sou uma pessoa adaptável e logo pensei em me especializar em outra área que eu conseguisse trabalhar.
Enquanto estava fazendo curso para aprimorar o inglês, a professora me deu a idéia de fazer um curso de especialização em desenvolvimento infantil e eu comecei a trabalhar em 2012 com crianças americanas com diferentes tipos de deficiências físicas e mentais.
Foi uma experiência incrível, aprendi muito e percebi a dificuldade dos pais e cuidadores das crianças. Ter uma estrutura e suporte familiar é essencial, mas infelizmente nem todas as pessoas possuem e eu senti a necessidade de ajudar as famílias nessa área.
Voltei para a faculdade para estudar serviço humano e sociologia. Fui contratada para ser Especialista em Suporte Familiar com ênfase no desenvolvimento infantil. E nesses anos dando suporte familiar eu comecei a estudar sobre saúde mental porque o objetivo era educar as famílias a terem uma família saudável, diminuir a violência doméstica e principalmente o abuso infantil. Os pais e cuidadores precisam estar com a saúde física e mental em ordem para cuidarem das crianças eficientemente.
Então eu comecei a me interessar mais e mais sobre o assunto e hoje em dia eu sou Auxiliar em Saúde Mental. O meu trabalho é orientar as famílias e os meus clientes para que eles possam cuidar da saúde e terem qualidade de vida adequada.
Não sou psicóloga como muitas pessoas pensam, não dou diagnóstico, mas consigo orientar os meus clientes à procurarem ajuda profissional. A minha missão é conscientizar as pessoas e tentar fazer que o preconceito em relação a saúde mental diminua.
Estava cursando o mestrado em Psicologia onde eu aprendi muito sobre psicologia positiva onde foi comprovado por vários estudos que a gratidão tem o poder de impactar positivamente na vida das pessoas. Praticar gratidão pode ajudar a melhorar a nossa saúde mental.
Hoje em dia eu voltei a trabalhar com recursos humanos, mas em uma função ligada a serviço social. Perdi o medo de falar em inglês mesmo que não seja 100% fluente e isso foi uma conquista para mim.
Trabalho com pessoas de baixa renda no interior de Nova York que estão recebendo auxílio do governo e precisam arrumar emprego.
Faço uma avaliação inicial para saber em qual área o cliente precisa de suporte, vejo quais são os objetivos de cada um e conecto com os recursos que nós temos na comunidade.
Se uma pessoa não está com a saúde mental boa ou está passando fome, a última coisa que ela vai conseguir manter será um emprego. Então o meu foco é dar todo o suporte para que os clientes superem as dificuldades e busquem ajuda especializada.
Sabemos que tem muitos estigmas e preconceito em relação a saúde mental e com isso muitas pessoas estão sofrendo caladas sem ajuda profissional e um tratamento correto. Por isso, eu tive a iniciativa de compartilhar nas minhas redes sociais o assunto que eu já trabalho diariamente para conscientizar e tentar obter a compreensão das condições da saúde mental.
Quanto mais pessoas se conscientizarem, nós teremos menos preconceito no mundo e mais pessoas irão buscar cuidados com a saúde mental.